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Fúria Feminista: transnacionais e a alimentação

Fúria Feminista começa seu primeiro programa de 2022 abraçando o 8 de março e sua potência transformadora, mas também alertando sobre a captura corporativa de nossas lutas. O início desta quarta temporada foi marcado pelo 24 de abril: Dia Internacional da Solidariedade Feminista contra as Empresas Transnacionais.

Desde 2014, a Marcha Mundial das Mulheres [1] propõe esse dia de luta em homenagem e memória das vítimas da tragédia de Rana Plaza, que ocorreu em 2013 em Daca, capital de Bangladesh, quando esse edifício, que abrigava oficinas e fábricas de roupas de grandes marcas, como Benetton e Zara, desabou, causando a morte de 1.138 pessoas. Os problemas da construção foram alertados pelas e pelos trabalhadores e ignorados pelos responsáveis. 80% das pessoas mortas eram mulheres.

As empresas transnacionais precarizam a vida, especialmente a vida das mulheres, seus trabalhos, saúde, vínculos e alimentação.

As mulheres desempenham um papel fundamental na alimentação do mundo, além de serem historicamente responsáveis pela gestão da economia doméstica e pela alimentação da família, de acordo com o informe Desmantelar o patriarcado (também) construindo soberania alimentar [2], produzido por Amigos da Terra Internacional [3]. Existem 1,6 bilhões de mulheres agricultoras no mundo, e elas produzem 50% dos alimentos em escala global. O atual sistema alimentar, porém, baseia-se em um modelo de produção intensiva que beneficia as grandes transnacionais do agronegócio e da tecnologia, além de gerar enormes lucros para os grandes mercados de consumo.

É por isso que o tema deste programa é transnacionais e a alimentação.

Conversamos com a pesquisadora e ativista Silvia Ribeiro, integrante do Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração [4] (Grupo ETC) sobre as transnacionais da alimentação e as alternativas dos povos. Entre seus múltiplos trabalhos, o ETC Group investiga a configuração corporativa e o impacto das novas tecnologias na agricultura e na alimentação.